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O despertador tocou às nove da manhã. Descemos para tomar o pequeno-almoço. Um dia longo nos esperava. Check-out e saímos em direcção ao centro de Bragança.
Começámos pela Praça da Sé, emblemática zona do centro histórico e seguimos para o castelo. Pelo caminho ainda tivemos direito a explicações de reconhecimento da zona de uma senhora nos seus 80 anos que, orgulhosa, nos falou da cidade. Subimos, mais tarde, às muralhas do castelo para captar algumas fotos da área envolvente – e que área!
A entrada no castelo custa 2€ que valem bem a pena. O castelo é hoje um museu militar com 17 salões que expõem espólios de guerra. Tudo faz sentido quando percebemos que este não foi, nunca, um castelo construído como residência mas sim como fortaleza. Se tiverem oportunidade, não deixem de lá passar.
Os pontos que pretendíamos visitar estavam vistos e podíamos seguir viagem para Sanabria. E mal sabíamos nós as paisagens fantásticas que íamos encontrar!
Pelo caminho fomos parando sempre à procura da melhor foto. A meio, encontrámos uma indicação que nos levava para “Aldeia Preservada”. Estávamos com tempo e decidimos ver afinal o que havia por ali. Subimos, subimos, subimos e a certo ponto demos por nós no meio do nada e no topo das montanhas – ou será que ainda havia mais para subir?
Mais à frente um cruzamento que nos levou certinhos à Aldeia do Montesinho. FAN-TÁS-TI-CO! A verdadeira experiência da ruralidade ali á nossa frente. Parámos na Casa do Povo. Parámos porque, ao passar, o Sr. Manuel, funcionário da casa, nos saudou. Tomámos um café e demos “duas de letra”. O Sr. Manuel explicou-nos que há uma semana a aldeia estava coberta de neve e o limpa-neves demorou três dias para tirar o possível. E nós a pensar “damn it, porque não viemos mais cedo”. Entretanto, chega mais um dos 50 moradores da aldeia que nos pergunta o que fazemos por ali. Entre conversas de um curioso que não está habituado a ver “gentes alheias”, indicou-nos o caminho mais fácil para chegar a Sanabria: “no próximo cruzamento à esquerda”. Entusiasmados, despedimo-nos e seguimos viagem até ao próximo cruzamento. Aqui começa a aventura!
O cruzamento que os “montesinhos” nos indicaram não era bem aquele. Fiéis e confiantes no que eles nos tinham dito, virámos à esquerda para uma rua em terra batida. Seguimos e seguimos e seguimos… Sempre com pavimento em terra, sempre a subir. Já tínhamos andando uns cinco quilómetros sem o mínimo vestígio de humanidade. Agora sim estávamos no topo da montanha! Havia neve, uma ponte sobre um gigante lago e as de sempre, ventoinhas eólicas. Com metade do caminho feito decidimos que haveríamos de ir parar a algum lado. E sim, fomos dar a um estaleiro de obras. Parámos, já assustados, e perguntámos se aquele era mesmo o caminho certo para Sanabria e, obviamente, os senhores que lá trabalhavam se riram e nos aconselharam a voltar para trás. Afinal, o cruzamento certo era o segundo e não o primeiro de quem vem da Aldeia de Montesinho”. Sendo assim, voltámos a fazer todo o caminho para trás até ao cruzamento correcto.
Finalmente a andar em alcatrão, continuámos a apreciar as valentes paisagens com que todo o caminho nos brinda. Curvas e contra-curvas, paragens pelo caminho e batiam as quatro da tarde. Entrámos em Espanha mais à frente. Bastante mais à frente, estava Sanabria. Chegámos e fomos directos à “Pousada Real La Carteria”. Só vos podemos dizer que não podíamos ter escolhido melhor. A pousada é do melhor, com uma varanda em vidro com vista panorâmica sobre toda a “puebla”. Alojamento a condizer com o rústico de Sanabria.
A fome para almoço começou a aparecer e procurámos um restaurante para comer. Foi difícil, às cinco da tarde todas as portas nos informavam que estavam “cerrados para ciesta”. Já no desespero encontramos um bar-restaurante no meio de uma rua do centro histórico. Bem, não podemos dizer que foi a melhor experiência gastronómica que tivemos. Completamente perdidos a ler a Carta ficámo-nos por uma tábua de queijo e enchidos e ovos com batatas fritas.
Recuperados, passámos pelo hotel para nos “equiparmos” para a próxima aventura. Seguimos para o Lago. Afinal foi por isso que aqui viemos. Oito quilómetros do centro até lá. A ruralidade no seu extremo e estradas vazias. Conseguimos lá chegar sem problema. Estacionamos o carro e “pés ao caminho” por entre trilhos primitivos e rochedos. Do nada, o Lago mesmo ali. Eram seis menos um quarto, o sol começava a pôr-se e a vista não podia ser melhor. Incrível mesmo! A Natureza no seu melhor e nós a saber aproveitar. A sério, este local é talvez dos mais extraordinários por onde já passámos. Imperdível para qualquer amante da Natureza.
Fiquem com as fotos que conseguimos tirar mas não se iludam. Não há palavras nem fotos que consigam descrever tal desprendimento e calma. Contudo, nós, teimosos, tentámos trazer-vos um pouco do que ali se sente. Por isso, sintam e aproveitem!