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O feriado foi aproveitado para acampar e, como já não o fazíamos há muito tempo, nem as fortes previsões de chuva nos impediram de o fazer. Estivemos mesmo até à última para dormir num albergue em vez de montar as tendas e arriscar duas noites com água por todo o lado, mas o lado aventureiro prevaleceu. A ideia inicial passou por Paredes de Coura, mas o parque de campismo está em obras, com certeza a preparar-se para o Verão e para o festival, e à pressão tivemos de encontrar uma melhor opção. Então, quinta-feira à noite lá fomos rumo a Ponte de Lima.
Fomos para o um parque de campismo inserido na área protegida das Lagoas de Bertiandos e ficámos, sem dúvida, surpreendidos. Muito bem integrado no meio envolvente, o parque conta com vários espaços tanto para acampar como para estacionar a auto caravana e ainda com bungalows e albergues. Tivemos oportunidade de conhecer grande parte da sua área com o Sr. Jorge, funcionário do parque, que depois de uma hora de conversa na companhia de um chouriço assado às duas da manhã, decidiu fazer-nos uma visita guiada dando-nos a conhecer o horto e a zona dos estábulos onde reside aquele que é a coqueluche do parque: uma enorme égua chamada Lagoa que ficou toda contente por ter companhia aquelas horas!
Toda a zona protegida à volta do parque está muito bem conservada, os trilhos estão todos bem marcados e tratados havendo várias opções disponíveis, tanto a nível de distância como a nível de dificuldade (ficamo-nos por uma de 12Km) e há uma serie de miradouros ao longo do caminho que nos permite ter uma vista fantástica sobre as lagoas.
Se quiserem saber mais pormenores não deixem de dar uma olhadela no site do campo, vão ver que vale a pena: www.lagoas.cm-pontedelima.pt.
Um passeio de domingo de manhã com os meus pais. Eu no banco de trás do carro a apreciar a paisagem. Vejo um grupo de pessoas a pé, no meio do nado com “umas roupas estranhas”. Na inocência dos meus cinco anos pergunto ao meu pai o que era aquilo. Ele diz-me que eram escuteiros e apressa-se a explicar-me que era um “grupo de pessoas de todas as idades, que se juntam para explorar a natureza e ajudar os mais pobres”. A minha mãe, logo entra na conversa e pergunta se eu me imaginava lá. Disse que sim.
Tempos depois, num domingo de manhã cheio de sol, os meus pais levaram-me ao agrupamento de escuteiros de Santo Ovideo. Foi amor à primeira vista. Depois daquele dia, seguiram-se 11 anos de pura diversão, entreajuda e de novos amigos.
Quando dei por mim, a tal ocupação de fim-de-semana, era já uma forma de viver. Foram tardes, dias e semanas em que preferi o jantar queimado numa quase-mesa no meio do nada a festas de anos de amigos ou tardes ao sol. Éramos nós, uma fogueira e as músicas de sempre até ás altas horas da noite.
Lembro-me, como se fosse hoje, de cada promessa que fiz. Do desespero da preparação da cerimónia, á excitação de “vestir” uma nova cor. De cada caminhada com a mochila carregada. De cada noite ao relento, no meio de clareiras a olhar o céu. De cada construção e de cada check-list para que nada faltasse nos acampamentos. De cada anilha trocada com amigos escuteiros de outros agrupamentos. Ah, e as longas discussões com a minha mãe por eu não querer, nunca, lavar o lenço já quase sem cor ou comprar uma camisa nova. Como dizia o escuteiro Hélder Cerqueira, “não há maior orgulho que ter um uniforme quase sem cor” porque sabes que cada rasgão, cada nódoa são um marco das tuas aventuras.
Hoje, por motivos de força maior, infelizmente não sou escuteiro praticante. Há situações que nos ultrapassam e nos impedem de continuar mas o espírito mantém-se aqui. Eu continuo a ser escuteiro e um dia, em breve espero, voltarei ao activo com a mesma força e o mesmo entusiasmo. Tal e qual o primeiro dia.
Uma forte canhota!