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Desculpem!
Desculpem, por não termos cumprido com a nossa palavra. Prometemos que, desde a última paragem, ia ser a valer e voltamos a falhar. Voltámos a parar o blog. Mas calma. Estamos aqui para vos explicar a razão de tudo isto.
Há momentos nas nossas vidas que nem as palavras nos sobram. Como sabem e já aqui referimos muitas vezes, fazemos parte de um grupo de amigos que se conhece desde sempre. Crescemos juntos, estudámos juntos e continuamos juntos. Estes dois últimos meses foram concentrados única e exclusivamente no “nós”.
1. Há precisamente dois meses, num dos muitos encontros para café, a Jane anunciou que estava de partida. A Jane, depois de uma série de entrevistas conseguiu entrar no sistema de saúde britânico e foi seleccionada para ir para o Reino Unido exercer aquilo para que estudou e se apaixonou – a enfermagem. As nossas reacções foram de felicidade obviamente. Sempre soubemos que aquela era a única saída para ela vingar a brutal ambição que tem. Só não sabíamos que desde aquele momento tínhamos 60 dias para nos despedirmos. E continuámos sem querer saber. Sinceramente, ninguém teve naquele momento, a real noção do que por aí vinha.
Os dias foram passando até ao dia em que, numa esplanada de praia, debaixo de um sol abrasador alguém “toca o alarme” e relembra que, distraídos no nosso dia-a-dia, já se tinham passado quase 20 dias dos 60 que tínhamos. Foi nesse momento que percebemos que estava na altura de colocar mãos à obra e organizar uma festa à medida da Jane. A única coisa que ficou definida desde esse dia foi que NUNCA seria uma festa de despedida, mas sim uma festa para celebrar a amizade. Começavam aqui os dias mais incríveis e alucinantes dos últimos tempos.
Passados 25 dias estávamos com um sunset surpresa, em pleno rio douro com todos os amigos de sempre reunidos à espera que a Jane chegasse num táxi personalizado à sua medida e de venda nos olhos. Ela nunca fez ideia do que a esperava. Foi um final de noite e noite memorável.
2. O dia chegou. O dia em que a Jane se mudava de vez para o Reino Unido. Acordámos todos às 4.00 da manhã para a ir levar ao aeroporto. Todos cheios de força mas no fundo já fracos da saudade.
É triste. É triste percebermos que a Jane foi obrigada a deixar tudo aquilo que mais ama para trás. Pior, é triste perceber que o país dela a deixou para trás. A ela e a todos nós, jovens cheios de garra e paixão que nos revemos na situação da Jane. Este país não nos merece. Não luta por nós, não nos apoia. Então porque ficar aqui? Há todo um mundo lá fora que está precisamente à procura daquilo que temos para oferecer. Que sabe que vestimos a camisola e nos envolvemos, cheios de garra, em todo e qualquer projecto ou desafio.
A Jane diz que volta. Acreditamos. Mas até lá, até lá com azar, já lhe seguimos as pisadas e, daqui a uns anos, cada um de nós está num sitio diferente a lutar por objectivos e ambições que sempre pensamos concretizar aqui, no nosso Portugal. Todos separados a tomar café em frente a um gadget qualquer com skype e cobertura wifi. A vida às vezes é “madrasta”…
3. Nós por cá, Os Betolas, aproveitamos a boleia da Jane e seguimos numa viagem de 10 dias pela Europa central. Pouco acesso à internet e três cidades maravilhosas. Saímos do Porto com destino a Barcelona e depois Hamburgo. De Hamburgo até Praga, com Berlim pelo meio, fomos no mais encantador veículo de transporte – o comboio.
10 dias à grande! Em grandes hotéis, grandes cidades e grandes aventuras. Novos companheiros de viagem e umas quantas memórias que vamos partilhar convosco durante esta semana. Cidade a cidade, hotel a hotel e comboio a comboio, vamos contar-vos tudo destes 10 alucinantes dias.
4. Entretanto, a caçula do nosso grupo já é enfermeira e orgulhosamente celebramos com ela esta etapa. Há amigos do caraças e nós temo-los a todos. Parabéns Joana!
5. Como vêm, não nos esquecemos disto. Impossível. Os Betolas nunca passam de moda!
Eh pah, no Porto hoje acordou-se com uma cor diferente, ou melhor, cores diferentes. Sim, o projecto #streetartAXA surpreendeu-nos a todos com um extreme-makeover das nossas cabines telefónicas durante esta madrugada e tornaram "monos" a servir de abrigo ou casotas em excelentes obras de arte urbana.
Ora vejam:
Quando vimos isto, até que deu vontade de voltar aos velhos tempos em que não havia telemóveis, sim ainda somos desse tempo, e tinhamos que usar o antigo cartão da PT Comunicações para fazer chamadas para a mãe sempre que chegavamos à escola. De qualquer das forma, fica prometido um teste dos Betolas às novas cabines!
Um passeio de domingo de manhã com os meus pais. Eu no banco de trás do carro a apreciar a paisagem. Vejo um grupo de pessoas a pé, no meio do nado com “umas roupas estranhas”. Na inocência dos meus cinco anos pergunto ao meu pai o que era aquilo. Ele diz-me que eram escuteiros e apressa-se a explicar-me que era um “grupo de pessoas de todas as idades, que se juntam para explorar a natureza e ajudar os mais pobres”. A minha mãe, logo entra na conversa e pergunta se eu me imaginava lá. Disse que sim.
Tempos depois, num domingo de manhã cheio de sol, os meus pais levaram-me ao agrupamento de escuteiros de Santo Ovideo. Foi amor à primeira vista. Depois daquele dia, seguiram-se 11 anos de pura diversão, entreajuda e de novos amigos.
Quando dei por mim, a tal ocupação de fim-de-semana, era já uma forma de viver. Foram tardes, dias e semanas em que preferi o jantar queimado numa quase-mesa no meio do nada a festas de anos de amigos ou tardes ao sol. Éramos nós, uma fogueira e as músicas de sempre até ás altas horas da noite.
Lembro-me, como se fosse hoje, de cada promessa que fiz. Do desespero da preparação da cerimónia, á excitação de “vestir” uma nova cor. De cada caminhada com a mochila carregada. De cada noite ao relento, no meio de clareiras a olhar o céu. De cada construção e de cada check-list para que nada faltasse nos acampamentos. De cada anilha trocada com amigos escuteiros de outros agrupamentos. Ah, e as longas discussões com a minha mãe por eu não querer, nunca, lavar o lenço já quase sem cor ou comprar uma camisa nova. Como dizia o escuteiro Hélder Cerqueira, “não há maior orgulho que ter um uniforme quase sem cor” porque sabes que cada rasgão, cada nódoa são um marco das tuas aventuras.
Hoje, por motivos de força maior, infelizmente não sou escuteiro praticante. Há situações que nos ultrapassam e nos impedem de continuar mas o espírito mantém-se aqui. Eu continuo a ser escuteiro e um dia, em breve espero, voltarei ao activo com a mesma força e o mesmo entusiasmo. Tal e qual o primeiro dia.
Uma forte canhota!
A Páscoa está aí e a cidade do Porto a abarrotar de turistas. Já quase não há quartos nos hotéis da cidade. Finalmente, voltou-se a ouvir falar espanhol nas ruas. Os espanhóis perderam o medo da crise e estão a aproveitar a Semana Santa à grande com a boa disposição que os caracteriza. O volume da cidade aumentou, o “burburinho” é maior e as caras de felicidade aparecem a cada esquina. O Porto está cheio de vida!
O hotel onde trabalho está cheio, não só de espanhóis é claro, e o gozo que dá em ir trabalhar não podia ser maior. Costumamos dizer, entre nós hoteleiros, que para o ser “alguma coisa não bate bem”. É verdade. Não é qualquer um que se sujeita a esta vida sem horários, mal paga e desgastante. Só aguenta estar deste lado quem realmente gosta. Nunca vão encontrar ninguém a trabalhar num hotel há mais de um ano que não seja apaixonado pela área.
O dia de ontem foi um dos dias que voltou a provar, como se ainda fosse preciso provar alguma coisa, que este é o caminho. Dia de “lodo” - como costumamos chamar a estes dias em que nem tempo para respirar temos – é a expressão que melhor define esta semana.
Nestes dias, desde o momento em que chegamos a turno até ao final passamos por vários “estados”. Chegamos no meio da confusão, perdidos e a tentar perceber o que se está a passar desde o turno anterior, entramos a sério na mecânica do dia de seguida e chegamos a um ponto em que já estamos no domínio total. A partir daqui começa a verdadeira diversão. Focados apenas nos clientes, há tempos para ouvir os maiores elogios à cidade e apreciar a cara de estupefacção dos turistas num Porto novo que só agora eles descobriram. É fantástico sentir que estamos a contribuir para uma experiência de excelência na cidade a uma pessoa de fora que à partida aterra cheia de expectativas no melhor destino europeu do ano.
Paralelamente a isto, há a parte que ninguém conhece e que um cliente de hotel não vê. A gestão de quartos. Parece difícil? É mas é onde está a grande adrenalina de encher um hotel. Trabalhar com o objectivo de “fechar a zeros”, de esgotar o “stock” de quartos disponíveis e chegar ao final da noite, já de rastos, com a sensação de dever cumprido.
Somos tolos? Talvez sim. Uma cambada de “escravos” felizes da hotelaria!
Hoje, após o pequeno-almoço, tivemos oportunidade de falar com a responsável da Pousada onde estamos - Aurori.
Aurori tem uma paixão por Sanabria e ficou quase que ofendida quando, num comentário, lhe dissemos que este era um espaço pequeno onde pouco havia para fazer. Depressa se sentou e cortou um papel para nos preparar o programa para o dia de hoje. E que programa.
Eram onze da manhã quando saímos em direcção ao Lago de Sanabria. Sim, já lá tínhamos estado ontem mas a Aurori fez-nos lá voltar para mais aventuras.
Chegámos ao Lago eram onze e meia e fomos directos comprar o bilhete para o cruzeiro ambiental de Sanabria (16€ cada). Éramos os únicos. Uma visita personalizada com dois guias do melhor que já vimos, o Raul e a Pilar.
O cruzeiro é feito no primeiro “catamaran” solar-eólico do mundo, ou seja, não poluente. O que aqui faz todo o sentido. Aliás, para comprovar o cuidado ambiental da sua construção, a primeira actividade a que somos sujeitos quando embarcamos é o fechar os olhos e ouvir a musica ambiente. Quando os abrimos já estamos fora do porto de embarque sem sequer nos apercebermos de qualquer ruído.
A viagem durou cerca de uma hora e pouco. Antes de nos despedirmos ainda houve tempo para uma cidra de sanabria que o Raul fez questão de oferecer.
Continuando a seguir á risca o programa da Aurori fomos para Ribadelago Viejo, uma vila em ruínas desde os anos 50. A quebra de uma barragem construída na altura inundou toda a vila tornando-a um local sombrio num cenário de total destruição. Hoje, serve simplesmente como zona de culto a todos os ex-residentes que ali perderam a vida. Aqui, aproveitamos ainda para uma caminhada por entre os rochedos que levam ao Rio Tera. Imperdível!
Nisto, quando nos apercebemos eram já duas da tarde (hora espanhola) e seguimos para almoço na vila de San Martin de Castañeda. Comemos um bife de vitela dos melhores que alguma vez podíamos experimentar. “Carne da terra”, dizia o dono do restaurante EL Recreo.
Já a meio do programa, continuamos a subir em direcção ao Lago de los Peces, mesmo no topo das montanhas e, ainda, todo em gelo. Meia hora numa estrada cheia de curvas e neve nas bermas, que indicavama a passagem do limpa-neves, chegamos lá e...agora passamos a palavra a estas FANTÁSTICAS imagens que conseguimos captar:
O despertador tocou às nove da manhã. Descemos para tomar o pequeno-almoço. Um dia longo nos esperava. Check-out e saímos em direcção ao centro de Bragança.
Começámos pela Praça da Sé, emblemática zona do centro histórico e seguimos para o castelo. Pelo caminho ainda tivemos direito a explicações de reconhecimento da zona de uma senhora nos seus 80 anos que, orgulhosa, nos falou da cidade. Subimos, mais tarde, às muralhas do castelo para captar algumas fotos da área envolvente – e que área!
A entrada no castelo custa 2€ que valem bem a pena. O castelo é hoje um museu militar com 17 salões que expõem espólios de guerra. Tudo faz sentido quando percebemos que este não foi, nunca, um castelo construído como residência mas sim como fortaleza. Se tiverem oportunidade, não deixem de lá passar.
Os pontos que pretendíamos visitar estavam vistos e podíamos seguir viagem para Sanabria. E mal sabíamos nós as paisagens fantásticas que íamos encontrar!
Pelo caminho fomos parando sempre à procura da melhor foto. A meio, encontrámos uma indicação que nos levava para “Aldeia Preservada”. Estávamos com tempo e decidimos ver afinal o que havia por ali. Subimos, subimos, subimos e a certo ponto demos por nós no meio do nada e no topo das montanhas – ou será que ainda havia mais para subir?
Mais à frente um cruzamento que nos levou certinhos à Aldeia do Montesinho. FAN-TÁS-TI-CO! A verdadeira experiência da ruralidade ali á nossa frente. Parámos na Casa do Povo. Parámos porque, ao passar, o Sr. Manuel, funcionário da casa, nos saudou. Tomámos um café e demos “duas de letra”. O Sr. Manuel explicou-nos que há uma semana a aldeia estava coberta de neve e o limpa-neves demorou três dias para tirar o possível. E nós a pensar “damn it, porque não viemos mais cedo”. Entretanto, chega mais um dos 50 moradores da aldeia que nos pergunta o que fazemos por ali. Entre conversas de um curioso que não está habituado a ver “gentes alheias”, indicou-nos o caminho mais fácil para chegar a Sanabria: “no próximo cruzamento à esquerda”. Entusiasmados, despedimo-nos e seguimos viagem até ao próximo cruzamento. Aqui começa a aventura!
O cruzamento que os “montesinhos” nos indicaram não era bem aquele. Fiéis e confiantes no que eles nos tinham dito, virámos à esquerda para uma rua em terra batida. Seguimos e seguimos e seguimos… Sempre com pavimento em terra, sempre a subir. Já tínhamos andando uns cinco quilómetros sem o mínimo vestígio de humanidade. Agora sim estávamos no topo da montanha! Havia neve, uma ponte sobre um gigante lago e as de sempre, ventoinhas eólicas. Com metade do caminho feito decidimos que haveríamos de ir parar a algum lado. E sim, fomos dar a um estaleiro de obras. Parámos, já assustados, e perguntámos se aquele era mesmo o caminho certo para Sanabria e, obviamente, os senhores que lá trabalhavam se riram e nos aconselharam a voltar para trás. Afinal, o cruzamento certo era o segundo e não o primeiro de quem vem da Aldeia de Montesinho”. Sendo assim, voltámos a fazer todo o caminho para trás até ao cruzamento correcto.
Finalmente a andar em alcatrão, continuámos a apreciar as valentes paisagens com que todo o caminho nos brinda. Curvas e contra-curvas, paragens pelo caminho e batiam as quatro da tarde. Entrámos em Espanha mais à frente. Bastante mais à frente, estava Sanabria. Chegámos e fomos directos à “Pousada Real La Carteria”. Só vos podemos dizer que não podíamos ter escolhido melhor. A pousada é do melhor, com uma varanda em vidro com vista panorâmica sobre toda a “puebla”. Alojamento a condizer com o rústico de Sanabria.
A fome para almoço começou a aparecer e procurámos um restaurante para comer. Foi difícil, às cinco da tarde todas as portas nos informavam que estavam “cerrados para ciesta”. Já no desespero encontramos um bar-restaurante no meio de uma rua do centro histórico. Bem, não podemos dizer que foi a melhor experiência gastronómica que tivemos. Completamente perdidos a ler a Carta ficámo-nos por uma tábua de queijo e enchidos e ovos com batatas fritas.
Recuperados, passámos pelo hotel para nos “equiparmos” para a próxima aventura. Seguimos para o Lago. Afinal foi por isso que aqui viemos. Oito quilómetros do centro até lá. A ruralidade no seu extremo e estradas vazias. Conseguimos lá chegar sem problema. Estacionamos o carro e “pés ao caminho” por entre trilhos primitivos e rochedos. Do nada, o Lago mesmo ali. Eram seis menos um quarto, o sol começava a pôr-se e a vista não podia ser melhor. Incrível mesmo! A Natureza no seu melhor e nós a saber aproveitar. A sério, este local é talvez dos mais extraordinários por onde já passámos. Imperdível para qualquer amante da Natureza.
Fiquem com as fotos que conseguimos tirar mas não se iludam. Não há palavras nem fotos que consigam descrever tal desprendimento e calma. Contudo, nós, teimosos, tentámos trazer-vos um pouco do que ali se sente. Por isso, sintam e aproveitem!
Três da tarde e nós prontos a arrancar. O Toyota Auris carregado, máquina fotográfica em punho e a boa disposição de sempre. Siga para duas horas e meia de viagem.
Ainda estamos meio perdidos. Foi tudo decidido hoje. “Sempre em cima da hora”, dizem os nossos pais. Mas isto assim é que tem piada! Marcámos apenas duas noites na Pousada Real La Carteria, bem no centro do “pueblo", em Sanabria – o nosso destino. Enviámos email para confirmar a reserva e eles, vejam só, gentilmente ofereceram-nos os pequenos-almoços. Vêem? Os “nuestros hermanos” quando querem também são um espectáculo!
O tempo chuvoso acompanha-nos durante quase toda a viagem. Parámos na estação de serviço de Penafiel para abastecer o depósito do carro e continuámos pelos caminhos de Portugal. Paisagens fantásticas pelo caminho todo até chegar ao Marão. Nevoeiro cerrado...
Uma hora depois, a fome começa a apertar e saímos em Vila Real para “picar” algo. Depois de voltas e voltas e tudo fechado - isto de ser Carnaval não ajuda nada - encontrámos mesmo perto da Sé Catedral de Vila Real, a Pastelaria Gomes. Um “ponto de encontro” emblemático da cidade com um aspecto rústico de antigo salão de chá. Dois cafés e uma torrada para cada um, umas fotos no centro histórico e seguimos viagem.
Começa a anoitecer, damos connosco no meio da A4 a seguir as indicações para Bragança. Está decidido, vamos pernoitar lá...
Nova Actualização:
Chegámos a Bragança. Procurámos por um hotel e um “local” aconselha-nos o Íbis Bragança. Pensámos “porque não?”. Económico e central. Sem muitas opções fizemos check-in e, sem surpresas... Fraquinho! Sim, sabem que somos hoteleiros e isto trabalhar na área torna-nos bem mais exigentes e críticos.
Instalados e já a bater as nove da noite, saímos em direcção ao centro. Encontrámos o único restaurante aberto da zona, achámos nós. A chuva não permitiu procurar mais. Ficámo-nos então no Restaurante Solar Bragançano.
O Solar Bragançano está num antigo edifício, com uma escadaria imponente que com orgulho mostra a distinção como um dos 100 melhores restaurantes de Portugal. À partida pensaríamos que era caro, mas não. Um restaurante bem em conta. Sem opção, entrámos e fomos simpaticamente recebidos pelo dono que nos direccionou à mesa. Depressa nos explicou que era dia de pouco movimento. Para além da nossa mesa, tinham apenas duas outras ocupadas com um grupo de espanhóis.
O ambiente era familiar e genuinamente requintado. Uma decoração e um serviço a fazer lembrar o início do século XX.
Chegou-nos, entretanto, à mesa um pão regional com molho de azeite e ervas e, claro, o vinho tinto da casa. Entre conversas e troca de ideias com os donos do solar o tempo foi passando até chegar o prato principal. Omeleta de cogumelos com salada para um e alheira com batatas douradas e castanhas para outro. Aqui, percebemos que viemos ter ao sítio certo: o jantar estava realmente bom!
Para sobremesa foi-nos sugerida a torta de laranja da casa e o leite-creme que não desiludiram. Para acompanhar a sobremesa e o café, o prazer da companhia do Sr. Desidério e da Dª Ana. Um casal cinco estrelas que nos fez sentir em casa.
No final, ainda tivemos direito a uma garrafa de “Parta Velha”, um vinho da região. Eram já onze e meia quando nos despedimos com a promessa de voltar.
Seguimos em direcção à zona universitária, a única zona onde encontraríamos um bar aberto àquela hora e, claro, só poderíamos terminar o primeiro dia desta viagem a beber um gin.
O maior evento vínico nacional só poderia ser no Porto e, claramente, tinha que contar com a presença dos Betolas.
Marcavam as 17h30 quando chegámos ao Palácio da Bolsa. Depois de levantar o copo de prova (4€ que valem a pena) fomos encaminhados para o espaço do evento.
Foi a primeira vez que fomos e mal entrámos percebemos logo a dimensão deste projecto. Estava lotado, o que só prova a tendência de crescimento da Essência do Vinho, a par da cidade do Porto, também como destino vínico.
Assumimos que não somos as pessoas mais entendidas neste tema mas houve alguns vinhos que nos marcaram. O Quinta da Leda e o Quinta dos Carvalhais foram os que mais apreciámos, sem esquecer, claro, o fantástico e novo Rosé da Casa Amarela. Foi-nos também apresentado o Sparkling Moscatel meio seco da Casa de Favaios que é bastante agradável , apesar da nossa preferência pelo bruto.
A Essência do Vinho, assume-se assim, cada vez mais como um espaço de reencontros de profissionais da área. Nota-se um ambiente bastante jovem e por isso, descontraído. No entanto, apesar de fazer todo o sentido que este evento se realize no Palácio da Bolsa, achámos o espaço pequeno demais para a afluência que a “essência” começa a conquistar. Em próximas edições o número de pessoas deveria ser limitado. Torna-se quase impossível chegar ás bancas com tanta gente.
Uma experiência fantástica que eleva o nome da nossa cidade. À saída via-se na expressão dos turistas a surpresa de quem foi, sem contar, envolvido num projecto de valor também turístico. O ambiente que se vive naquela zona por estes dias é realmente familiar, de uma cidade que sabe acolher.
Ontem foi dia de cumprir promessas. Andávamos há meses para combinar um jantar com um casal amigo. Prometemos que os íamos levar ao nosso restaurante preferido – O Mercado, no Mercado Ferreira Borges.
A mesa estava marcada para as 19h30, chegamos uma hora depois. Típico. Ao sair do parque de estacionamento deparámo-nos com um ambiente de boa disposição e felicidade. A praça do Infante D. Henrique estava cheia de convidados da edição deste ano da Essência do Vinho, uns com copos ainda meio cheios, outros com garrafas já vazias. Era o Porto no seu melhor.
Entramos, entretanto, para o restaurante. Mesa já marcada e à nossa espera, mesmo no centro da sala. Fomos, como já é hábito, recebidos com a simpatia característica de todos os funcionários. Carta na mesa, prontos a escolher as fantásticas tapas para entrada. E aqui começou a desgraça. A mesa de um momento para o outro encheu-se com a sertã mista, os rissóis “tipo Capa Negra”, as espetadinhas de queijo provolone panado, os croquetes de alheira e pãezinhos de mozzarella e fiambre. Tudo deliciosamente acompanhado pela famosa sangria tinta.
Entre conversas de amigos e o futebol a noite foi passando. Mais um jarro de sangria vinha a caminho e claro a famosa francesinha em massa de pizza não podia faltar. Neste momento os nossos “convidados” já comentavam o quão fantástica estava a ser a experiência – nós avisamos que valia bem a pena!
O staff ia passando, todos com espírito descontraído, de quem estava a divertir-se tanto como nós. Pedimos as sobremesas, todos queriam provar o iogurte grego com morangos confitados mas, por sugestão de um membro do staff, acabámos também por pedir a mousse de chocolate que nunca tínhamos provado. Bem, o iogurte grego continua a ser para nós o ex libris das sobremesas do restaurante mas a mousse é qualquer coisa de fenomenal.
O Mercado, mais uma vez, voltou a não desiludir. Não é um restaurante que vá na onda das modas mais refinadas dos dias de hoje. É sim, um local autêntico e descontraído onde até a decoração ajuda à boa disposição. Já se imaginaram a jantar numa mesa que já foi uma palete? Ou sentados numa cadeira que foi um bidão? No Mercado tudo isto é possível.
O dia estava de sol, ideal para aproveitar o que a Invicta tem de melhor.
Decidimos ir ao Mercado Bom Sucesso lanchar com os amigos e pôr a conversa em dia – anda tudo cheio de novidades.
Depois de duas voltas ao mercado para conseguir um lugar de estacionamento – sim, é mesmo muito difícil estacionar no Porto –, lá conseguimos um mesmo ao lado, mas nem esse foi fácil de “conseguir”. Fomos disputados por dois arrumadores! Uma senhora na faixa dos 60 (vamos chamar-lhe Maria), “estacionou-se” no meio do nosso lugar enquanto discutia com um outro senhor, também arrumador, a quem pertencia aquela parcela de “território”. Depois de estacionarmos o carro tentamos amenizar o ambiente ao dar a (merecida?) moeda da praxe a cada um dos dois. Pelo meio promessas de protecção ao carro e acusações mais feias que mostravam claramente que isto era a rotina deles.
O mais engraçado aqui é que estes arrumadores “assinaram” um tratado que delimita o território de cada um e não há cá cedências! A Dª Maria fez sempre questão de relembrar o “colega” que ele estava “para lá da fronteira”. Um verdadeiro Tordesilhas dos tempos modernos!
Bem, depois desta animação seguimos em direcção ao Bom Sucesso. Nunca tínhamos ido lá com tempo suficiente para apreciar o espaço com “olhos de ver”. Começámos pelo piso inferior e em meia dúzia de passos já estávamos sentados. Dar de caras com a Leitaria da Quinta do Paço tem destas coisas.
A Leitaria da Quinta do Paço é já uma marca na cidade do Porto. Os famosos éclairs com chantilly artesanal e com as mais diversas coberturas não podem falhar numa visita à Invicta. Lisboa tem os pastéis de Belém, nós temos os éclairs da Leitaria...
Num menu de 1,20€ pedimos um café e um mini-éclair. Tivemos oportunidade para provar de frutos vermelhos, limão e chocolate. O melhor? Bem, não conseguimos decidir, mas sugerimos que os visitem no novo espaço deles no Mercado Bom Sucesso que está fantástico e para além da pastelaria encontram uma banca dedicada ao pão e à venda de manteigas artesanais.
Entretanto, já tinham passado duas horas e viemos embora. À chegada ao carro fomos reconhecidos pela Dª Maria que ainda se lembrava da nossa cara e gentilmente perguntou “está tudo bem não está? Eu disse…”. Gentes do Porto são únicas!
Por Tiago Pinto