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Um passeio de domingo de manhã com os meus pais. Eu no banco de trás do carro a apreciar a paisagem. Vejo um grupo de pessoas a pé, no meio do nado com “umas roupas estranhas”. Na inocência dos meus cinco anos pergunto ao meu pai o que era aquilo. Ele diz-me que eram escuteiros e apressa-se a explicar-me que era um “grupo de pessoas de todas as idades, que se juntam para explorar a natureza e ajudar os mais pobres”. A minha mãe, logo entra na conversa e pergunta se eu me imaginava lá. Disse que sim.
Tempos depois, num domingo de manhã cheio de sol, os meus pais levaram-me ao agrupamento de escuteiros de Santo Ovideo. Foi amor à primeira vista. Depois daquele dia, seguiram-se 11 anos de pura diversão, entreajuda e de novos amigos.
Quando dei por mim, a tal ocupação de fim-de-semana, era já uma forma de viver. Foram tardes, dias e semanas em que preferi o jantar queimado numa quase-mesa no meio do nada a festas de anos de amigos ou tardes ao sol. Éramos nós, uma fogueira e as músicas de sempre até ás altas horas da noite.
Lembro-me, como se fosse hoje, de cada promessa que fiz. Do desespero da preparação da cerimónia, á excitação de “vestir” uma nova cor. De cada caminhada com a mochila carregada. De cada noite ao relento, no meio de clareiras a olhar o céu. De cada construção e de cada check-list para que nada faltasse nos acampamentos. De cada anilha trocada com amigos escuteiros de outros agrupamentos. Ah, e as longas discussões com a minha mãe por eu não querer, nunca, lavar o lenço já quase sem cor ou comprar uma camisa nova. Como dizia o escuteiro Hélder Cerqueira, “não há maior orgulho que ter um uniforme quase sem cor” porque sabes que cada rasgão, cada nódoa são um marco das tuas aventuras.
Hoje, por motivos de força maior, infelizmente não sou escuteiro praticante. Há situações que nos ultrapassam e nos impedem de continuar mas o espírito mantém-se aqui. Eu continuo a ser escuteiro e um dia, em breve espero, voltarei ao activo com a mesma força e o mesmo entusiasmo. Tal e qual o primeiro dia.
Uma forte canhota!